sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Capítulo 18 - O fantasma na janela




Estava prestes a chuver. Eu estava sentada sob a estátua do espírito santo, ao lado dos meus dois melhores amigos, e olhava admirada para as nuvens cinzas no céu, que aos poucos pareciam devorar o sol e sua luz radiante. Era sexta-feira da semana em que Olavo e Janaína viveram, talvez, o episódio mais assustador de suas vidas. Os dois esperavam por seus pais, e eu, claro, só fazia companhia, pois assim como outros poucos alunos, só voltaria para casa no sábado de manhã. Na quinta-feira as provas do quarto bimestre haviam acabado, portanto não haveria aula naquela sexta. Um dia após o ocorrido na casa de Janaína, eu revelei à madre superiora o paradeiro do corpo de Barbara Regina, contando uma mentira sobre eu ter ouvido uma perturbada Gabriela falando sobre o Refugium em um devaneio noturno. E algo que me chamou muito a atenção foi a reação da madre superiora ao ouvir sobre o Refugium; ela parecia perdida no tempo, sendo atormentada por imagens de um passado já esquecido, enquanto se perguntava audivelmente como seria possível alguém ter descoberto o tal lugar. Cheguei a questioná-la sobre o quanto ela sabia a respeito do Refugium, mas ela me ignorou, agradecendo pela informação, e ordenando que eu saísse de sua sala. Depois que o corpo de Barbara foi retirado da câmara, os seus pais foram chamados a escola, e tiveram uma longa conversa com a madre superiora em sua sala, enquanto a mãe de Barbara chorava audivelmente. No mesmo dia, a madre superiora convocou todos os alunos do Lar, para uma reunião no refeitório, onde anunciou, sem mais detalhes, que o Lar permaneceria aberto por mais três anos. Mais tarde, eu descobri que, depois que o corpo de Barbara foi encontrado, a madre superiora, juntamente com o seu advogado, entraram em um acordo com os pais da menina, para que cancelassem o pedido de fechamento da escola, por um prazo inicial de três anos, em troca do pagamento de idenizações mensais, o que resultaria na diminuição do salário de alguns funcionários menores da escola, mas a vida não é justa para todos, não é verdade!? Como, por exemplo, para a mãe de Gabriela, que teria que engolir uma terrível mentira sobre a sua filha, e conviver com ela por toda a vida. Mas isso era algo que eu não podia suportar, não quando eu sabia a verdade a respeito do que acontecera com Gabriela. Por isso eu descobri o telefone de Lúcia Machado, e chamei-a para aparecer no Lar para me encontrar, alegando ser uma amiga de Gabriela, que sabia a verdade sobre as mortes no Lar, e sobre o grau de envolvimento da garota com tais acontecimentos. Claro que ela apareceu, e claro que ela pensou que eu estava maluca, depois de ter pensado que eu só queria zombar da sua triste situação, e me deu as costas, ofendida, mas também muito chocada por ter ouvido os nomes "Helene" e "Refugium", e o quanto eu sabia sobre o seu passado no Lar. No entanto, apesar da sua reação nenhum pouco agradecida, eu me senti melhor por ter contado a verdade para Lúcia, por mais que ela não acreditasse totalmente nela.
Os primeiros pingos de chuva começaram a cair, timidamente...
- Eu odeio chuva - comentou Lavinho, cortando a minha linha de pensamento sobre os acontecimentos daquela semana que se encerrava.
- Eu gosto, as vezes - disse Janaína, acenando para alguém na multidão de pessoas que saiam e entravam no Lar.
Eu olhei em direção à pessoa para quem ela acenava, e vi que era a sua mãe, Paula, ainda com as feridas em seu rosto, causadas por Helene. Os machucados, no entanto, não afetaram a sua beleza.
- Bom dia - ela disse, sorrindo, um pouco envergonhada, para nós três.
-"Bom dia" - respondemos eu e Lavinho, sincronizadamente.
- Oi, Amallya... - ela começou, olhando para mim.
- Oi - eu disse, timidamente.
- Eu... acho que não te agradeci propriamente pelo que você fez por mim e por minha filha...
- Não é necessário, Paula. Pela Ína eu faria tudo de novo se fosse preciso - eu disse, com toda a minha sinceridade.
- E nós vamos nos casar, mãe, quer a senhora goste, ou não - brincou Janaína, fazendo eu e Olavo cairmos na risada. A mãe dela permaneceu séria.
- Eu... era tão idiota na época em que estudei com a Helene... acho que todos nós éramos, na verdade... Eu confesso que tinha inveja da Helene... mais ainda da amizade que ela tinha com o Caio e o Marcos... Mas... eu nunca quis que terminasse da meneira como terminou... eu nunca quis matar ninguém... - disse Paula, e eu pude perceber, pela tristeza em seu olhar, que aquelas não eram meras palavras jogadas fora.
- Helene causou a sua própria morte... Você não é inteiramente culpada pelo que aconteceu, Paula. - eu disse, tentando consolá-la.
Ela tentou esconder as lágrimas que desciam pelo seu lindo rosto, com um enorme sorriso.
- Obrigada... - ela disse, enxugando as lágrimas de seu rosto - Apareçam lá em casa, no domingo... eu preparo um jantar pra vocês três, e talvez, se seus pais deixarem, vocês poderiam dormir lá, ou sei lá.
- Ok... - eu disse, achando muito estranho o convite de Paula, que desde o dia em que eu quebrara o seu precioso pavão-super-brega, não quis me ver nunca mais em sua casa - Vou tentar não quebrar nada, dessa vez - brinquei.
- É bom mesmo - disse Paula, dando uma risada - Vamos, filha!? Eu não quero estar fora do carro quando essa chuva engrossar - disse Paula, apressando Janaína.
Ína abraçou a mim e a Olavo, ao mesmo tempo, eu lhe dei um beijo no rosto.
- Obrigada - disse Janaína, baixinho, nos apertando forte, e passando a seguir a mãe que já caminhava em direção ao carro.
- A ína reagiu melhor do que eu imaginava quando soube o que houve com ela... quer dizer... não é uma história fácil de engolir, sabe!? - comentou Olavo, quando Janaína se afastou.
- Ela não estava totalmente inconsciente quando a Helene tomou posse de seu corpo, Lavinho... Eu tenho certeza que a Ína sentiu algo enquanto a Helene maltratava ela daquele jeito... Além do mais, fomos nós que presenciamos e contamos a história toda pra ela, somos seus melhores amigos... Por que ela não acreditaria na gente?
- Tem razão... acho que... foi tudo tão louco que nem mesmo eu, que estava lá, acredito que realmente aconteceu...
- Acho que o seu pai chegou... - eu disse, olhando para um homem, do lado de fora do colégio, acenando em nossa direção.
- É ele sim... odeio te deixar sozinha aqui - disse Lavinho, mais uma vez demonstrando o quanto fofo ele podia ser quando queria.
- Tudo bem, já tô acostumada - eu disse, escondendo a minha vontade de que ele continuasse me fazendo companhia, antecipando a sensação de solidão que eu sempre sentia quando subia para o dormitório sem a presença de Ína e Lavinho, nas noites de sexta-feira.
- A gente se vê no domingo, na casa da Ína!? - disse Lavinho, me dando um beijo no rosto e um abraço apertado.
- Até lá - eu disse, acenando para ele, que já corria em direção ao pai.
Logo eu me vi sozinha, em meio à imensidão do pátio frontal, e olhei para o bosque por alguns segundos: o que, obviamente, me trouxe péssimas lembranças. No mesmo instante, a chuva começou a cair com força, me obrigando a voltar para dentro da escola. Enquanto pensava no que fazer para passar o tempo, me lembrei que Olívia voltara a trabalhar, depois dos dois dias de folga que seu atestado médico lhe garantira, graças ao corte em seu braço. Feliz por ter onde gastar o meu tempo livre, e pela possibilidade de rever Olívia, corri o mais rápido que pude para a biblioteca, imaginando como estaria a minha amiga, depois da sua recuperação. Chegando à porta da biblioteca, pude ver através do vidro, que Olívia usava uma faixa em volta do braço, e arrumava os livros em sua mesa com uma certa dificuldade. Eu entrei feito um furacão na biblioteca e corri para dar um forte abraço em Olívia, o que não foi uma boa idéia...
- Liv! - eu disse, empolgada, abraçando-a forte, pressionando o seu braço machucado, sem ter a intenção.
- Porra, Carol! - reclamou Olívia, se livrando dos meus braços - Essa maldita faixa em volta do meu braço tá sutil demais pra você!? Essa droga ainda tá doendo, e muito.
- Me desculpa... Como você tá? - eu perguntei, preocupada.
- Eu tava muito bem até você entrar, pode ter certeza - ela disse, ainda rabugenta
- Meu Deus! Eu tava com tanta saudade! - eu disse, empolgada.
- Queria que o meu braço me deixasse dizer o mesmo de você - ela disse, dessa vez em tom de rincadeira.
- Deixa de frescura, nem deve tá doendo tanto assim - eu disse, também entrando no espírito de brincadeira.
- Como é que vão os seus amiguinhos estranhos? - perguntou, voltando ao trabalho com os livros sobre o seu birô.
- Bem, o Lavinho tá ótimo, e a Ína reagiu muito bem quando nós contamos o que aconteceu... A Paula não engoliu a história toda, no início... mas foi só porque ela ficou maluca quando acordou e viu o quarto naquele estado.
- Quem sabe se ela tivesse acordado e visto as tripas da filha no carpete caríssimo dela, não tivesse botado mais fé na história - brincou Olívia.
- Eu queria te agradecer por tudo... Se não fosse você... - comecei, sendo interrompida por Olívia.
- Por favor, querida, pode ir parando aí! Eu não fiz aquilo tudo sozinha, e você sabe disso - começou Olívia, me deixando confusa.
- Como assim? Eu não fiz nada...
- Claro que fez, Carol. Quando você usou os seus poderes contra a Helene, ela foi fatalmente enfraquecida, e isso me ajudou muito, quando foi eu tive que entrar em ação, acredite - explicou Olívia - Da maneira como eu estava ferida, nunca teria conseguido usar os meus poderes contra a Helene, mas... você me ajudou. Claro que foi irresponsabilidade minha, ter incentivado você a lutar contra a Helene, com a sua falta de experiência, mas... eu não tinha escolha... nós não tinhamos escolha... enfim... me desculpe, ok!? - ela disse, parecendo realmente estar se sentindo culpada.
- Vai se fuder, Liv! Você não precisa se desculpar de nada, se não fosse você, eu nem estaria...
- Nossa! Vocês duas não vão parar de ficar puxando saco, uma da outra!? Dá um tempo, pô! - disse Anita, inesperadamente, se intrometendo na conversa.
Nós três começamos a rir do comentário.
- Carol... Eu posso falar com você? - perguntou Anita, dirigindo-se a mim.
- Fiquem à vontade, eu vou voltar a organizar esses livros - disse Olívia, sentando-se na cadeira atrás do seu birô.
- Claro, Anita... Vamos pra sessão de História - eu disse, começando a caminhar com Anita até a última ala da biblioteca.
- Eu preciso te esclarecer umas coisas... - começou Anita, quando nós chegamos à reservada sessão.
- Que coisas...? - perguntei, confusa.
- Eu tenho certeza que a Helene deve ter te contado... sobre o ocorrido no Refugium... - começou ela, parecendo lutar contra lembranças dolorosas.
- Sim... ela me disse o que aconteceu, ates de me atirar naquele buraco - eu disse, sentindo o meu sangue gelar, como resposta às lembranças daquele dia, ainda muito frescas em minha memória.
- Ela deve ter dito que... eu traí ela, e aos meus amigos Caio e Marcos... Mas... é tudo mentira... - disse Anita, me fazendo achar que ela começaria a chorar a qualquer momento - Eu fui obrigada pela Paula e suas amigas... Elas... me bateram... e... disseram que fariam da minha vida um perfeito inferno, se eu não dissesse a elas onde era o Refugium... eu... eu não quis que nada daquilo acontecesse, foi tudo tão... tão terrível... Quando aquela enorme viga desabou... nos aprisionando lá, para sempre... - disse Anita, assustada como nunca.
- Calma, Anita... - comecei, tentando acalma-la, ignorando o quão idiota era a situação em que eu me encontrava; uma adolescente viva tentando consolar um espírito apavorado - Eu não permitiria que nada criado pela mente doentia da Helene afetasse a imagem que eu tenho de você... e tenho certeza que o Caio e o Marcos lhe consideravam uma grande amiga - eu disse, com toda a minha sinceridade. Foi quando eu percebi o quanto eu realmente gostava daquela assustada e encantadora menina.
- Obrigada... - ela disse, finalmente esboçando um tímido sorriso - Ah! Eu vou devolver seus livros...
- Livros?
- Harry Potter...? Não se lembra? - ela disse, rindo.
- Ah, claro! Que idiota. É que já faz tanto tempo...
- Obrigada por ter emprestado... apesar das segundas intenções... - ela brincou - Eles estão todos no final dessa prateleira atrás de você, ao lado da coleção de enciclopédias sobre História do Brasil - ela disse, me indicando o lugar.
E nós passamos o resto do dia conversando sobre séries literárias de sucesso (do tempo dela e do meu, claro), garotos, amizade verdadeira, e muitas outras coisas deliciosas de se falar sobre. A única coisa que interrompeu a nossa conversa foi o toque para o almoço, que naquele dia teve como prato principal o famoso filé com fritas e arroz. Comi tanto, que dormi o resto da tarde. Durante a noite, eu fui até a biblioteca e desejai feliz Natal para Olívia e para Anita, sendo mais uma vez tirada de lá pelo toque do jantar. Depois de ter tomado dois pratos de sopa de legumes, eu fui dormir pra valer, ansiosa para rever o lindo fantasma que abrigava o meu quarto, no outro dia.

- O que houve com o seu rosto, garota? - perguntou a minha mãe, assustada com os poucos fermentos causados pelo confronto com Helene.
- Nada demais, dona Olga. Eu tropecei enquanto corria pelo bosque, idiotice minha - eu disse, tentando ser o mais convincente possível com a minha mentira.
- Então você voltou a ter quartoze anos de idade, é isso!? Era só o que me faltava - resmungor Olga, começando a me deixar para trás, enquanto caminhava em direção ao carro, no lado de fora do Lar.
- Eu tô bem, valeu por perguntar, mãe - eu brinquei, enquanto tentava acompanhar ela.

Chegando em casa, eu subi os degraus da escada em direção ao meu quarto, como se a minha vida dependesse disso.
- Vai se machucar de novo, criatura! Que pressa é essa? - gritou a minha mãe, do andar de baixo, enquanto eu já entrava em meu quarto.
Recuperei o fôlego e dei de cara com Leonardo, que estava em pé, me encarando, como se já me esperasse há tempos. Sem dizer nada, ele correu em minha direção, e me beijou como nunca fizera desde a sua volta. O frio que vinha dele me tomou por inteira, arrepiando cada pêlo do meu corpo. Eu podia sent-lo quase atravessar o meu rosto, o que me fez pensar que talvez ele estivesse nervoso. Eu tive que me afastar dele, para poder falar, mas ele foi mais rápido...
- O que houve? Você faz idéia do que eu senti... - começou ele, angustiado.
- Eu sei, eu sei... Acredite, eu não queria te fazer temer pela minha vida novamente, mas... desta vez foi preciso... Desta vez... a Helene já era!... Ela quase me matou, mas... agora acabou, Léo... - eu disse, esperando uma boa reação dele.
- Eu... nunca senti nada tão doloroso antes... foi horrível... ela... ela se foi mesmo? - perguntou ele, finalmente demonstrando uma reação positiva para a notícia que eu acabara de dar.
- Sim... A não ser que ainda haja um espírito vigativo de uma freira assassinada por um padre ou sei lá... O Lar voltou a ser um lugar seguro - eu disse, me sentindo tranquilizada pelas minhas próprias palavras.
Leonardo sorriu, e finalmente começou a ficar mais calmo.
- Isso... é ótimo... Como você...? - começou ele.
- Aaaah, nem pensar! Essa história é longa demais, e eu só conto depois de um bom banho - eu disse, tirando toda a minha roupa, o mais rápido que eu pude, e correndo para o banheiro.

Eu acordei com os olhos de Leonardo me vigiando, docemente. Ele estava deitado ao meu lado, exatamente como quando eu adormecera. Me perguntei se ele passara a noite ali, estático. Eu me espreguicei e disse...
- Como alguém morto consegue ser tão lindo?
- Se eu pudesse, estaria da cor da sua calcinha agora - ele disse, sorrindo, olhando para a minha virilha. O comentário de Léo me fez puxar o edredom da cama, para me cobrir inteira. Eu vestia apenas um sutiã com estampa do ursinho Pooh, e uma calcinha vermelha da minha mãe.
- Engraçadinho... - eu disse, me aproximando dele para lhe dar um beijo.
Leonardo fechou os olhos, se concentrando, e me beijou rapidamente, me fazendo despertar por completo, depois que o seu frio envolveu o meu corpo.

Durante o dia inteiro, eu me senti presa à minha cama. Eu só saia do quarto para comer, graças à insistência de dona Olga. Quando o relógio marcou cinco horas da tarde, Olavo me ligou, perguntando se eu já estava arrumada para ir à casa de Janaína, e eu me dei conta de que havia esquecido completamente do inesperado convite de Paula. De qualquer forma, eu menti para Olavo; dizendo que já estava printa para sair, e depois que ele falou que estava saindo de casa para ir me buscar, eu desliguei o telefone e corri para o banheiro, deixando um Leonardo confuso, ainda me esperando na cama.
- O Lavinho tá vindo aqui... A gente vai dormir na casa da Ína, hoje. Eu tinha me esquecido, desculpa - eu disse, enxugando rapidamente o cabelo, largando a toalha em cima da minha cama, ao lado de Leonardo.
- Sei... Bem... divirta-se, ok!? - disse ele, parecendo forçadamente feliz.
- Eu vou voltar cedo amanhã, prometo... - comecei.
- Não, por favor... Não se preocupe comigo, Carol... - ele disse, baixando a cabeça, e partindo o meu coração.
Eu vesti uma calça jeans desbotada, o meu All Star vermelho e a primeira blusa cavada que eu vi no meu cabide, e comecei a arrumar a minha bolsa com algumas roupas de reserva. Eu passava perfume, quando a minha mãe entrou no quarto, acompanhada de Olavo.
- Seu amigo estranho chegou - disse dona Olga, com uma cara que era o posto da felicidade.
- Oi, Lavinho... Mãe, pode descer agora, amor - eu disse, lançando um olhar de censura para Olga, antes que ela cometesse mais outra indelicadeza contra Lavinho, de quem ela não era muito fã.
- Só o que me faltava... - resmungou Olga, retirando-se.
- Sua mãe continua uma gracinha - comentou Olavo, fechando a porta do quarto.
- Pois é... - eu olhei para Leonardo, em cima da minha cama, olhando carinhosamente para Olavo.
- Tá frio aqui... - comentou Olavo - Espera... esse frio... é... o Léo tá aqui, não é!? - disse Olavo, em uma mistura de prazer e medo - eu sei porque... esse é o mesmo frio que eu senti no quarto da mãe da Ína, quando a gente quase se ferrou de vez...
- É... - eu comecei, sem saber como prosseguir - O Léo tá aqui sim...
Leonardo continuou olhando para Olavo.
- Diz... diz a ele que... - Olavo tentava conter as lágrimas que começavam a brotar de seus olhos - que eu sinto muita falta dele... mesmo...
- Ele tá te ouvindo muito bem, Lavinho - eu disse, começando a achar graça da situação.
- Bem... - recomeçou Olavo, dessa vez assustado - então... é isso aí cara! Eu sei que é meio gay, e tal, mas... eu... te amo muito, e... daria tudo pra poder te dar um abraço de novo...
Lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu olhei para Leonardo, e ele me olhou de volta, acenando com a cabeça em direção a Lavinho, como se dissesse que seria melhor eu sair com ele, de uma vez. E quando olhei para Olavo, percebi que ele não conseguira mais conter o choro. Eu abracei o meu melhor amigo, e percebi Leonardo se aproximar para fazer o mesmo.
- Fique parado - eu disse, baixinho, no ouvido de Olavo, e senti o frio de Leonardo nos envolver, percebendo que Olavo sentira o mesmo, pois ele tremia em meus braços.
- Meu Deus... - sussurrou Olavo.
Eu me desprendi de seus braços, e enxuguei as lágrimas em seu rosto.
- O Léo disse que você tem razão... - comecei.
- Como assim? - perguntou Olavo, confuso.
- Esse lance foi bem gay, mesmo - eu disse, fazendo ambos, Léo e Lavinho, começarem a rir.

Lá fora, eu e Olavo esperávamos dona Olga tirar o carro da garagem, quando eu olhei para a janela do meu quarto, de onde Leonardo assistia a nossa partida. Eu acenei para ele, que sorriu timidamente para mim em resposta. A minha mãe já buzinava, furiosa, quando Olavo chamou a minha atenção para entrarmos no carro, e eu comecei a acompanhá-lo, voltando a olhar mais uma vez para a janela do meu quarto. Leonardo não estava mais lá.

6 comentários:

  1. Gostei muito do teu blog! de muita qualidade, requinte... Escritos realmente concretos! parabéns!!

    Sou Diego Schaun, músico e poeta. www.diegoschaun.blogspot.com Espero que goste. Depois, dê uma passadinha lá!

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    sucesso para você

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  3. Bem qndo me daparo com Blogs deste ramo, eu fico sem comentários, pq são de grandes experiências, pra uma pessoas quere começar a escrever, e eu como mero blogueiro e Recentemente saido da aborrecêcnia, não teho o que falar.
    Conferi meu blog la fmz: http://nathanhumberto.blogspot.com/
    Decha coments e se de segue blz!
    otima noite!

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  4. Que emocionante, como sempre me supreendendo com sua estória.

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  5. Olá! Vi seu Blog na comunidade do Orkut. Adorei-o! Muito bom!
    Dá uma olhadinha no meu Blog e torne-se seguidor!?
    www.agrupamentoideias.blogspot.com
    Bjos!

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  6. Uma leitura e tanto Uau!

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